segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Tempus Fugit - Capítulo 1.1.1.2

Com todo o conhecimento de tudo o que havia para saber, limitava-se a passar longos períodos em meditação. Períodos que no mundo físico representavam eras. Assistiu ao desenvolver da humanidade e de inúmeras outras civilizações espalhadas pelo universo, que sentia cada vez mais distantes de si. Criou vida em milhões de outros planetas e acompanhou a sua evolução. Invariavelmente, acabavam por desenvolver inteligência e era o início do fim. Umas mais depressa, outras mais devagar, todas as civilizações que emergiam acabavam por se autodestruir.

Houve no entanto, por uma curiosa sequência de evolução, uma que se distinguiu. Provavelmente bastaria mudar um pequeno acontecimento na sua história para que tudo tivesse descambado, mas a verdade é que, contra todas as expectativas, esta civilização persistiu e conseguiu ultrapassar o ponto chave em que o egoísmo é tal que corrói tudo por dentro. Passado este ponto, foi com genuína expectativa, tal que teve que fazer um verdadeiro esforço para não dar uma ajuda, que acompanhou o seu progresso. Testemunhou com um orgulho paternal a erradicação da crueldade e deixou-se invadir pela paz que aquela sociedade tinha conseguido atingir. Seguiram-se o ódio, a ganância, o egoísmo, a ira. Muitas gerações passaram, milhares, mas conseguiram mesmo finalmente libertar-se do materialismo. Esta momento foi acompanhado com um imensurável regozijo. Estavam mesmo quase, bastava mais um pequeno passo para chegarem a si e sabia que iam conseguir. Tinham conseguido soltar-se dos grilhões do mundo físico, era uma questão de tempo até o conseguirem descobrir.

Num ápice, inúmeras consciências partilhavam a sua. Tinham conseguido. Desafiando todas as probabilidades, tinham conseguido atingir o máximo nível de evolução. Estavam consigo, todos eles. A sensação era de extremo conforto, quase inebriante. Já não estava sozinho, finalmente. E a harmonia durou para sempre.

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