sexta-feira, 30 de maio de 2008

As desconcertantes aventuras de Tobias, o bem-intencionado

Episódio 1 - Mulheres

- Então Tobias? Assim que virei a esquina só consegui ver uma gaja a dar-te um alto chapadão e bazar a correr. O que é que aconteceu?

- Nada de mais, as gajas são muito estranhas...

- Então, mas o que é que fizeste para ela ficar assim?

- Epa... Temos dado umas voltas... E eu disse-lhe que ela não pinava lá muito bem...

- A sério??? Eu até acho que foi altamente, subiste bué na minha consideração, mas suponho que consigas compreender porque é que ela ficou assim.

- Nem por isso. Provavelmente não percebo muito de mulheres, mas a verdade é que não compreendo. Eu não lhe disse aquilo para a chatear ou rebaixar, porque é que o faria? Disse-o para que ela tenha consciência disso e possa fazer alguma coisa para melhorar.

- Ó Tobias, francamente! Isto não tem nada a ver com mulheres. Tu achas que as pessoas querem saber dos seus defeitos?

- Hum... Sim?...

- Errado! As pessoas querem é viver na ignorância.

- Mas... Assim estagnam. Se não nos criticarem, se não nos disserem aquilo que acham que fazemos mal, continuamos a fazer as coisas da mesma forma, na ilusão de que as fazemos bem...

- Certo, mas o que interessa à maioria das pessoas não é fazer as coisas bem. O que interessa é não ter consciência do que se faz mal. Se acreditares que fazes alguma coisa bem, para ti isso é a verdade, e a não ser que alguém te mostre outro ponto de vista, vives feliz e satisfeito.

- Mas... Qual é o interesse de acharmos que fazemos algo bem quando toda a gente à nossa volta verifica que a realidade não é assim?

- Se acreditares que fazes essa coisa bem não interessa o que os outros pensam, pois não? É como o matrix. Qual é vantagem de tomar a porcaria do comprimido vermelho e ficar a perceber que a realidade é uma merda? Não será melhor tomar o comprimido azul e viver feliz, mesmo sendo num mundo de fantasia? Tens a tua própria realidade, maravilhosamente perfeita.

- Bom... Vendo as coisas assim, embora não me ache capaz de viver nesse mundo, até compreendo. Sim, se calhar ela era mais feliz antes de eu a ter obrigado a deparar-se com a realidade. Mas apesar disso permiti-lhe evoluir.

- Achas mesmo? Achas que ela vai usar essa informação para evoluir? Claro que não! Ela vai fazer todos os possíveis por esconder essa realidade dela própria e voltar novamente ao seu mundo próprio, onde é perfeita.

- Pois... Acho que tens razão. Provavelmente também podia ter evitado dizer-lhe que devia fazer uma dieta...