sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

Uma lufada de ar fresco

É sempre uma lufada de ar fresco encontrar a velhota da cadeira de rodas quando deixo a criança no infantário. Faz-nos tão bem encontrar pessoas que aparentemente teriam mais razões para estar descontentes com a vida e, pelo contrário, transbordam alegria.
A primeira vez que reparei nela tinha encontrado uma pessoa amiga e, com um sorriso aberto e genuíno disse: “Desculpe não me levantar…”. Foi suficiente para ficar bem-disposto o resto do dia.
Da última vez que a vi, com a sua alegre simpatia, meteu-se com o pequeno a dizer-lhe que também tinha um carrinho, e que o dela até tinha buzina. Parece que há pessoas que são incapazes de ver a vida de forma pessimista, incapazes que qualquer sentimento de auto-comiseração. Provavelmente as únicas que conseguem ser plenamente felizes, e sempre nos vão dando uma ajudinha.
Obrigado senhora da cadeira de rodas!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2006

Testosterona

Ontem vinha eu para o trabalho e há uma carrinha que passa em sentido contrário e buzina. Não sei porque buzinou, nem sei se foi para mim ou para o gajo que ia à minha frente, só sei que ele parou por uns segundos e num ápice faz inversão de marcha e vai feito doido atrás do gajo da carrinha. Quanta testosterona é preciso ter no sangue para se fazer uma coisa destas? Faz-me mesmo confusão como é que alguém se dá ao trabalho de largar tudo para ir defender o seu orgulho porque levou uma buzinadela, ou porque levou com “o dedo”, ou até porque lhe chamaram isto ou aquilo. Fico satisfeito por ser uma situação cada vez menos comum nas nossas estradas, mas há aí povo que talvez só lá vá com um tratamento hormonal…

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

Fundo do Baú III

Também havia lá este, não sei bem o que é que quer dizer, nem sequer se está acabado, mas é definitivamente o melhor dos meus poemas que contêm a palavra 'porém'! Não serei, pelo menos, novamente acusado de tentar alterar a História, era assim que estava no fundo do baú, é assim que fica!

Enganadora é a luz do dia que faz da vida uma sombra recortada
Só a noite é lúcida, porém o sono acaba sempre por vencê-la
Por isso a trocamos pelo sonho, cobrindo a nudez crua da verdade com o diáfano manto da fantasia
Melhor que a escura realidade onde os sentimentos são pardos
Mas sempre o nascente sol cobre novamente a vida com a sua máscara de luz
Distorce formas e emoções, enganando os nossos olhos com as mais vivas e reluzentes cores.