sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

As verdades dentro de mim

Uma mui querida amiga enviou-me hoje dois pequenos poemas (versões traduzidas) que, para também de vez em quando publicar alguma coisa de jeito, vou deixar aqui para a posteridade.

Novas Direcções – Doris Warshay

Quero viajar até onde puder,
Quero alcançar, da minha alma, o prazer,
E transformar as limitações que conhecer
E sentir-me, em mente e espírito, crescer;
Quero viver, existir, "ser", enfim,
E escutar as verdades dentro em mim.


Some day – James Kavanaugh

Um dia ir-me-ei embora
E serei livre
E deixarei aos estéreis
A sua estéril segurança.
Partirei sem endereço previsto
E atravessarei algumas regiões áridas
Para aí deixar o mundo.
Depois vaguearei, livre de preocupações
Como um Atlas desempregado.


Eternal Search of Balance

So many times i've been on the edge
Already have been there before
How many seasons shaded off the brightness
Of what i should've remembered most
The difference exists in fiction
Who knows where and when
Between the search of what is essential
And the point to where i am
Time is not equal
And i am bigger than everything that came before
So many words becoming alive
In an eternal search of balance
There's too much noise around here
And space tries to disjoint me
With two concepts for one single sound
Could you ever keep the best
Time is not equal
And i am bigger than everything that came before
So many words becoming alive
In an eternal search of balance
And there's so many words becoming alive
In an eternal search of balance

Blind Zero

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Interpretação

- Uma das coisas que me faz gostar de escrever é o facto de me permitir perceber as abissais variações de interpretação de um texto por diferentes pessoas que, na minha opinião na grande maioria dos casos, passa muito longe do que se passava na cabeça do autor quando o escreveu. Digo-te mais, até acho que muito poucos dos grandes filósofos, ou grandes pensadores, como lhes quisermos chamar, quando escreveram as suas obras mais emblemáticas, não estavam minimamente a pensar nas mirabolâncias que se ensinam sobre o que o autor queria realmente dizer ao escrever aquilo. Mas eu, ao contrário do Forrester, divirto-me quando verifico que interpretam um texto meu de uma forma completamente diferente do que eu estava a pensar quando o escrevi.

- Compreendo. Mesmo sem escrever, conseguimos ter noção disso ao ler o mesmo texto em diferentes momentos da nossa vida. O mais provável é percebermos uma mensagem diferente, normalmente associada ao que estamos a viver.

- É isso. Temos sempre a tendência de interpretar as coisas de forma pessoal, reflectir o que lemos naquilo que somos.

- Ou talvez o contrário, reflectir o que somos naquilo que lemos...

- Pois, ou isso... E depois há outras questões que me surgem em relação a isto...

- Como por exemplo?...

- Tipo... Será que comer uma africana pode ser considerado interpretar?...

Fumícios

parvoíce
s. f.,
acto ou dito de parvo;
qualidade ou estado de parvo;
demência.

terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Butterflies in my belly

http://www.youtube.com/watch?v=Wv1HX80u5x4

Curta # 2

Desejos escondidos
Á espera de serem descobertos
Procura a carne
Morde o desejo
Sente o sabor da descoberta, que até então velada
Rompe das entranhas do teu ser
Entre carícias e dor
Desejo e lágrimas
Sente a dor do toque
Que electriza o teu corpo
E faz com que tudo se apague e ao mesmo tempo permaneça no eterno
Dos corpos e das vontades

Curta # 1

Entra pela porta, penetra na minha alma, devora o meu corpo, faz-me sentir viva.
Quando os olhos ensanguentados e duros me olharam com tanta paixão, eu soube que todo o sofrimento que tínhamos vivido se tinha dissipado na escuridão da noite.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Aviso

Toda a gente está a olhar para o infinito, no entanto a pessoa continua a falar. Debita frases arrastadas que não fazem qualquer sentido para mim. Enquanto a sua voz caía para o plano de fundo da minha mente, tornando-se um mero murmurar imperceptível, perguntei-me quais seriam as suas motivações.
Voltei a mim. Instintivamente olhei nos seus olhos e estremeci. Era um aviso. Nítido! Os seus olhos avisavam-me de algo, mas de quê? Não tive a sensação que fosse necessariamente algo negativo, algum cataclismo, mas tive a certeza absoluta que algo grande iria acontecer. Estaria a pessoa consciente do aviso ou seria, pelo contrário, algo involuntário? As questões apareciam na minha mente como se o meu cérebro fosse um ilusionista a tirar cartas do éter. Quem era? Porquê? Quando? O que deveria eu fazer?
O que é que estás a tentar dizer-me? As palavras saíram-me dos lábios sem qualquer controlo da minha parte. A pessoa fez uma pausa, mas rapidamente continuou o seu devaneio com frases que nada me diziam. A sua voz voltou ao plano de fundo, mas desta vez mantive o meu olhar fixo no seu, como que perguntando silenciosamente aos seus olhos o que tinham de tão importante para me transmitir. Para mim o tempo tinha parado. O meu corpo imóvel não denunciava o turbilhão que fervilhava dentro de mim enquanto a minha mente procurava freneticamente uma resposta no fundo do seu olhar. Então percebi, tive a minha resposta, tão clara como a luz que projectava círculos no chão à minha volta como que vinda de um qualquer outro plano de existência. O que vi nos seus olhos não era mais que o reflexo dos meus.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Vampiros

- Avô, a mãe disse que os vampiros não existem...

- Foi?

- Sim. Disse que eram mito... qualquer coisa. Que era tudo inventado.

- Tens que perceber que há muitas coisas que a tua mãe não sabe, essa é uma delas. Os vampiros existem.

- Mesmo??

- Mesmo. Há criaturas pérfidas que se escondem nos cantos escuros. Esperam, esperam, até que alguém passa, fixa os seus olhos e fica perdido sob o seu controlo. Depois, alimentam-se sugando toda e qualquer emoção que a pessoa tenha e deixam-na uma mera casca vazia.

- Que medo, avô... Como é que nos podemos defender deles?

- Protege as tuas emoções, petiz, são o que tens de mais precioso! Constrói um muro à sua volta, o mais alto e resistente que conseguires!

- Vou tentar... E isso chega?

- Nunca há garantias. Há-os tão poderosos que basta um olhar para que o muro que construíste desabe por completo e fiques impotente e indefeso, à sua mercê!

- Então... O que posso fazer mais?

- Quando passares por um sítio escuro, se te parecer que viste um par de olhos brilhantes vidrados em ti, foge! Corre o mais depressa que conseguires e não olhes para trás!!

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Cosmocópula

Membro a pino
dia é macho
submarino
é entre coxas
teu mergulho
vício de ostras


O corpo é praia
a boca é a nascente
e é na vulva que a areia é mais sedenta
poro a poro vou sendo o curso da água
da tua língua demasiada e lenta
dentes e unhas rebentam como pinhas
de carnívoras plantas te é meu ventre
abro-te as coxas e deixo-te crescer
duro e cheiroso como o aloendro.


Natália Correia

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

And now...

Ladies and Gentlemans...

The Cure

"The Dragon Hunters Song"

http://www.youtube.com/watch?v=NzxSa4ZULBw

Apetecia-me mesmo...

ouvir esta hoje, mas não a tenho :(

ESBORRE

Chupa aqui,
Chupa aqui,
Chupa aqui,
Chupa aqui,

Chupa aqui no meu sorvete construtivista!

Esboorrr!
Esborrr!Esborrr!Esborrr!Esborrr!Esborr!

I was looking for a reason,
Just a reason to survive!
I was looking for a pretti lady


Pop Dell' Arte

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Alva


"Mil anos do mesmo sangue num passado sem fronteiras
O fumo das chaminés nas memórias das aldeias
...
E há tanto calor humano ao redor de uma fogueira
À lareira vinho tinto, requeijão, broa caseira"

(Paulo Bragança - Sou Galego)

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Monodiálogo #4

- Ouve lá, tu não vês que estás a ser totalmente manipulado?

- Tu outra vez?... Tu não percebes nada. Nem parece que és de cá! Eu é que o estou a manipular de forma a que pense que me está a manipular a mim.

- Mas, o que é que te garante que és tu quem está a manipular?

- Porque sou eu que tenho consciência do quadro geral. Percebo perfeitamente o jogo que ele está a tentar fazer e estou a usar isso de forma a que seja eu a controlar a cena toda sem que ele perceba.

- Mas, como é que sabes que não é ele que te está a manipular de forma a que penses que és tu que o manipulas de forma a pensar que é ele que te manipula a ti?

- Cala-te, ó palhaço!!

Sem titulo 00

Será que uma mentira justifica outra mentira ?

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Monodiálogo #3

- Porque é que passas tento tempo a olhar para o fogo? És capaz de estar aqui horas... só a olhar para o fogo.
- Tu por aqui? Não me parece que seja uma situação para tu apareceres.
- Não posso aparecer só para conversar um bocado?
- Está bem, mas não te habitues!
- E então? Porque é que achas que é?
- Sei lá! Sou pirómano. É como se estivesse a observar uma coisa viva, que sente, com... alma...
- Como as pessoas?
- Não, claro que não! O fogo é algo que, apesar de seguir determinados princípios e de ter um comportamento algo regular, tem sempre o potencial de te surpreender completamente e fazer algo totalmente inesperado. Tens uma ideia, mas nunca sabes ao certo o que esperar dele.
- Pois, como as pessoas.
- Eu já sabia que era um erro deixar-te sair quando não és preciso. Não, não é nada como as pessoas. O fogo é puro!