- Uma das coisas que me faz gostar de escrever é o facto de me permitir perceber as abissais variações de interpretação de um texto por diferentes pessoas que, na minha opinião na grande maioria dos casos, passa muito longe do que se passava na cabeça do autor quando o escreveu. Digo-te mais, até acho que muito poucos dos grandes filósofos, ou grandes pensadores, como lhes quisermos chamar, quando escreveram as suas obras mais emblemáticas, não estavam minimamente a pensar nas mirabolâncias que se ensinam sobre o que o autor queria realmente dizer ao escrever aquilo. Mas eu, ao contrário do Forrester, divirto-me quando verifico que interpretam um texto meu de uma forma completamente diferente do que eu estava a pensar quando o escrevi.
- Compreendo. Mesmo sem escrever, conseguimos ter noção disso ao ler o mesmo texto em diferentes momentos da nossa vida. O mais provável é percebermos uma mensagem diferente, normalmente associada ao que estamos a viver.
- É isso. Temos sempre a tendência de interpretar as coisas de forma pessoal, reflectir o que lemos naquilo que somos.
- Ou talvez o contrário, reflectir o que somos naquilo que lemos...
- Pois, ou isso... E depois há outras questões que me surgem em relação a isto...
- Como por exemplo?...
- Tipo... Será que comer uma africana pode ser considerado interpretar?...
6 comentários:
Se fores canibal...sim :)
Mas quando se pensa que os escritos são autobiográficos, t~em a meu ver alguma razão de ser, porque os escritos saem de nós, e são ou não uma parte de nós e dos nossos medos e alegrias e etc.
Não costumam dizer que nós somos o que comemos? lol...é bem capaz de ser considerado interpretar lol.
RZ,
por isso ninguém me entende :D
acusam-me de que tudo o que escrevo está codificado ;)
bj
Em maior ou menor escala, é inevitável pormos algo de nós naquilo que escrevemos :)
Somos o que comemos?... Isso pode ter várias interpretações... :P
Cat... Quer então dizer que não é codificado? :P
São mínimas as probabilidades de quem lê interpretar o mesmo que quem escreveu.
É que...
"O POETA É UM FINGIDOR
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente."
(...)
F.Pessoa
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