O zumbido da lâmpada era quase inaudível, mas estava lá. Sempre. Bastava que parasse por uma fracção de segundo para que se apercebesse. Já não conseguia dormir, viver sequer, sem a companhia daquele familiar zumbido.
Além dele, estava lá o mar para confortar a sua solidão. O mar… Velho e fiel amigo. Lar dos fantasmas de inúmeros lobos do mar que por vezes também o visitavam. Não estava só, ou, pelo menos, não se sentia só. Nunca tinha tido jeito para as pessoas. Nunca tinha conseguido conversar com alguém como o fazia com as ondas que, incansáveis, teimavam em entregar-se às rochas lá em baixo.
Aquele era o seu mundo, onde se sentia seguro. Um mundo que, apesar de diminuto, o satisfazia plenamente.
Se acaso duvidasse, bastava esperar pelo pôr-do-sol, altura em que acendia o seu cachimbo e se recostava a ver as gaivotas no céu, embaladas pelo vento, sobre aquele fundo repleto de cor. Verdadeira obra de arte da natureza. Um dia deixará ali o seu velho corpo e voará com elas.
7 comentários:
Muito bom.
Quem tem acesso aos melhores espectáculos da natureza (raiva, alegria, serenidade...) não precisa de os ver nos seres humanos.
Obrigado :)
Pois... Precisar, não precisa, mas normalmente não dá para evitar, não é? :)
psiu...e agora que ninguem nos ouve... Muito bonito : )
RZ, é daquelas coisas pá, quando um gajo é bom ... é bom e pronto.
"um dia deixará ali o seu velho corpo e voará com elas".
Bolas pá.
Thank yous :)
Thank yous :)
A'o velho e o mar', para ser perfeito perfeito, ao tal "mundo que o satisfazia plenamente"... faltava... faltava...
O quê?
uma bea ou uma mia, ou vá, se ele quizesse ser um lambão como certas e determinadas pessoas DOIS CASAIS daquela espécie
:D :D :D
Era uma ideia, Cat, era uma ideia, mas... dois casais?? Há gente assim tão garganeira? :)
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