É provavelmente estúpido estar a terminar este relato, já que terá que ser destruído, mas pelo menos não fico com a sensação que deixei algo inacabado.
A rapariga continuava encolhida ao canto, mas estava silenciosa. Os seus olhos esbugalhados fixos em mim como se tivesse percebido que o seu destino estava irremediavelmente traçado. Levantei-me devagar, com a caneta na mão e aproximei-me dela. Pedi-lhe que se levantasse e se encostasse à parede. Ela fê-lo. Sem pensar, como se o meu braço tivesse decidido sozinho, espetei a caneta por detrás da sua traqueia e puxei com toda a minha força. Nunca poderia adivinhar a emoção que me provocou ver os seus olhos perderem o brilho enquanto o seu sangue escorria pelo meu braço, pingando pelo cotovelo. Um orgasmo não chega aos calcanhares do êxtase daquele momento. É indescritível a sensação que tive enquanto a minha mão rasgava freneticamente o seu interior e os seus olhos ficavam eternamente fixos nos meus. Era como se algo dela se estivesse a entranhar em mim. Foi a melhor sensação da minha vida.
Não sei quanto tempo passei em deleite, ensopado em sangue, sentado junto ao cadáver. Já não estava preocupado com absolutamente nada. Senti-me realizado e o facto de a minha existência poder estar em risco de terminar já não me preocupava absolutamente nada. Nunca me tinha sentido tão tranquilo. Quando a porta se abriu limitei-me a levantar calmamente o olhar. A sua expressão era um misto de satisfação e orgulho. Sorriu para mim. Eu sorri para ela.
E foi assim.
13 comentários:
you make me proud , grasshopper
Thank yous :)
E foi bem bonito.
Nem tinha sido preciso sorrires de volta para mim.
Assim fico mimada :)
Um miminho de vez em quando não estraga :)
Ah! Ah! Ah! Ah! Ah!
Isso faz lembrar 'um tapinha não dói'!
Por aqui estamos noutro campeonato.
:)
O "por aqui" queria dizer com isso pelos teus textos, certo?
(achei melhor explicar, 'num' fosse o diabo tecê-las... ou assim)
:D
Deixa lá ver se entendi, quan ando assim meia zonza por causa duma série de situações que agora não vêm ao caso. Então: conheceste uma criatura, pensaste que estavas em perfeito controle da tua pessoa e da situação em si. Lixaste-te que não estavas nada, aquilo era só ela a ser ... ela. Meteu-te numa cave. Tentaste dissuadi-la com palavras, mas ela não estava prái virada. Decidiu antes ver com quantos paus se faz a tua canoa (com um, isso é universal, portanto além de maquiavélica a gaja é burra) a ver se cumprias o que prometeste. Cumpriste. Mataste a pobre da piquena com a tua "arma" de eleição. E depois a outra mata-te??
Foda-se... socorro, né?
Andas o quê ... a fazer concorrência ao hitchcock???
... e não há nem uma ginginha nem nada pra uma pessoa se recompôr?
Certo, Cat :) ("um tapinha não dói"... Muito bom! :D )
Ó Isa... Hã?...
...hã...?
não? não é nada daquilo?
meu coração balança entre o alívio e a angústia. Vou reler tudo, pode ser que a esta hora da manhã eu consiga ver as coisas com mais clareza. Já conto.
ai ...
Vai lá que eu espero :)
E eu não morri. Ó para mim aqui vivinho :)
Ó pois tás :)))
(nunca mais me assustes assim, tás a ouvir??)
... ainda tou a ler ...
mau, então disseram que acabava assim, no nº 7 e afinal ainda havia este epilogo?
Essa mulher é o lado negro da força, não é?
Mania de associarem a mulher a tudo o que é mau e poderoso.
Quem foi o malogrado que disse essa inverdade? :|
Eh... Lado claro, lado negro, mulher, homem... Eu acho que se olharmos bem não passam todos de graus diferentes de cinzento.
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