sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Requiem pela paixão

- É fodido, o destino. Chega a ser cruel, o filho da puta. Se um gajo é amorfo e só curte estar em casa a ver o futebol e a beber cerveja, tem uma gaja que se farta de queixar que ela não lhe liga nenhuma e que não a leva a fazer nada. Mas um gajo que curta viver mais intensamente tem sempre que se apaixonar por uma gaja apática e anti-social que não alinha em nada. Foda-se...

- Estás num daqueles dias, não é?

- É como se o amor fosse uma obra-prima de um grande artista, sublime. Só que em determinado momento alguém rouba a merda do quadro e deixa lá uma imitação. Para os observadores casuais é como se tudo estivesse igual, para quem passa e olha parece genuíno, mas um conhecedor percebe facilmente a diferença pelos pormenores. Distingue, às vezes nos detalhes mais insignificantes, que não é o traço do mestre, que só pode tratar-se de uma imitação. Neste ponto o conhecedor tem um leque de opções, em que a negação é uma das mais populares, para quê ir à procura do original se a imitação está tão bem feitinha?

- Diz-me lá uma merda. Ela não te fode a cabeça, pois não? Quando vamos beber copos e chegas tarde, ela não te fode a cabeça. Apesar de não querer sair, não te fode a cabeça se tu saíres, mesmo que só chegues no dia seguinte. Não é?

- É.

- Então? Porque é que estás tão fodido?

- Porque é mais que óbvio que isso não me chega, meu. Eu quero sentir aquela cena que nos faz vibrar, que nos faz andar estupidamente bem dispostos, num estado constante de euforia, como num rush de adrenalina permanente, que nos faz sentir que podemos podemos fazer qualquer coisa, que somos donos do mundo, que conseguiríamos desviar a órbita da Terra se isso fizesse a outra pessoa feliz!

- Meu... ... Cai na real...

11 comentários:

Rodovalho Zargalheiro disse...

Não tenho a certeza que o que nos faz perder o controlo ou fazer as maiores cenas de ciúmes é o mesmo sentimento...

AP disse...

Lades and gentelmen, eis a diferença entre gajos e gajas! :)

Anónimo disse...

Dá -te por contente que a gaja não te foda o juízo, quem me dera que as gajas fossem assim :)

Canuca disse...

Infelizmente cheguei à conclusão (n agora, já algum tempo lol) que uma só pessoa n nos preenche na totalidade ;)...como nada é eterno, aquele sentimento de paixão, de borboletas no estômago lol...acaba, ficam outras coisas que às vezes n são o suficiente ;).

Nojento disse...

a minha opinião sobre este belo texto remete-me para o mês de junho de 2007:

http://fezesdefrango.blogspot.com/2007/06/concluso-que-espero-ser-precipitada.html

Anónimo disse...

Bom dia e desculpem a intromissão.
Gostaria de dizer ao RZ que deves ser daqueles maridos que não ajudam a fazer nada em casa e ainda estão á espera que a respectiva esteja sempre in the mood for romance.
Se ela ainda não te enfeitou a testa e se nem sequer te chateia a cabeça quando vais para os copos dá-te por feliz e contente porque não há muitas assim.

Anónimo disse...

:|

RN :)

isto é tão amargo que parece doce

Rodovalho Zargalheiro disse...

Agradeço todas as perspectivas, mas há que ter em conta que o que aqui se escreve não tem necessariamente que ser uma representação de algo real, pode ser pura ficção. Mas também pode não ser ;)

Assumindo que até pode não ser ficção, respeito a visão de Boyz&girlz, acho que devemos tentar valorizar o que temos e não o que não temos, mas eu sou um ser humano (apesar de algumas dúvidas) e toda a gente sabe como é o ser humano nestas coisas... Há que procurar o equilíbrio.

Acho que as probabilidades de existir uma pessoa no mundo que nos preencha na totalidade são baixíssimas. As de encontrarmos essa pessoa são muito perto de zero. A tua conclusão, Canuca, é uma evidência matemática.

Ó Nojento, se depois de quase um ano e meio a opinião ainda é válida, se calhar está mesmo na altura de recorrer à psicoterapia ;)

Ahpoizé, menina Anjoazul :)

Assumindo outra vez que até pode não ser ficção, não sei onde é que se infere que "deves ser daqueles maridos que não ajudam a fazer nada em casa e ainda estão á espera que a respectiva esteja sempre in the mood for romance", mas também não quer dizer que não seja. É engraçado ver a tendência natural feminina (não necessariamente generalizada) de pensar, sem saber nada, que o problema está sempre no macho. Tenho pelo menos que te agradecer Therese, conseguiste melhorar a minha disposição :)
(o segundo parágrafo também vale para ti)

De facto... Caríssima Anatcat :)

Ufa... Já reparei que fica bem responder a todos os comentários, e eu gosto de seguir estas regras de etiqueta bloguística. AP, contigo não preciso de etiqueta, mas estiveste(s) bem ;)

Anónimo disse...

:)

fica bem, mas nem sempre o tempo ou a paciência o permite

e o virtual, devia ser virtual para isso... não haver responsabilidade nem dependência

de responder, de escrever e de tudo o mais

para isso temos todo o resto

Rodovalho Zargalheiro disse...

Pois... Acho que em relação a isto da etiqueta bloguística toda a gente aqui concorda com Anatcat. Fica bem mas não é uma obrigação (e de facto nem sempre há pachorra). Hoje lá calhou estar num dos meus dias comunicativos, mas não quero ninguém a ficar mal-habituado ;)

Anónimo disse...

anatcat agora já está :)

(brincadeira)