quinta-feira, 12 de janeiro de 2006

Combater fogo com fogo

Mas qual é a lógica de combater fogo com fogo, se eu quero combater o fogo é porque não concordo com a sua existência. Não será então um paradoxo servir-me de algo que vai contra as minhas convicções? Não me torna igual àquilo que pretendo combater?
Existe um post nesta nossa tertúlia que nos faz aparecer numa pesquisa por “olho por olho dente por dente” e curiosamente temos vários hits através dela. Porque é que esta pesquisa é tão efectuada? Não sei ao certo a resposta, mas tenho a seguinte teoria: A maioria das pessoas que efectua a pesquisa em questão pretende provar a outrem que, de facto, a famigerada frase está mesmo na bíblia, numa tentativa de, adivinho, justificar o facto de se reger, erradamente na minha opinião, por tal máxima. Parece-me o mesmo paradoxo, combater uma coisa que não estamos de acordo recorrendo exactamente a essa coisa. Se eu acho mal que me tirem um olho também deveria achar mal ser eu a tirá-lo, e o facto de me vingar não me traz o meu olho de volta. Então se não estamos de acordo não deveríamos, antes de combater o alvo da nossa discórdia, preocupar-nos primeiro em não nos tornarmos iguais àquilo que repugnamos. Se eu sou contra a violência não posso combatê-la com mais violência, não só pelo facto de estar a fomentar um processo iterativo que só gera cada vez mais violência, mas também por uma questão de coerência, sou contra logo não uso.
Adicionalmente também não me parece muito sensato orientar a vida segundo dogmas que se aceitam cegamente por estarem escritos num livro, principalmente quando o livro já foi escrito há milénios e que naturalmente já se encontra desenquadrado da sociedade, mas aparentemente ainda faz estrago.
Será que existem pesquisas por “dar a outra face” ou “amar o próximo” com igual frequência? Duvido. Talvez este post até o consiga provar...

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