O Figueiredo era o sargento encarregue do funcionamento do refeitório naquela instituição que, apesar de ter feito de mim um homem, não vai ver lá filho meu. Contrastava um coração bondoso com uma mente tresloucada e na verdade era um porreiro, toda a gente o tratava por tu e sabia que podia contar com ele.
Além do seu passatempo de columbófilo selvagem (era o Figueiredo aparecer e todos os pombos das redondezas convergiam para lá, e ai de quem fizesse mal a algum!), o que o fez ficar famoso foi a sua tendência para projectar, com uma pontaria mortífera, o que quer que estivesse ao seu alcance quando via alguém a fazer uma traquinice. Ora, como disse, o Figueiredo geria o refeitório e o que estava normalmente ao seu alcance eram víveres, tendo preferência pelos bolos e pacotes de leite ou sumo. Era fantástico ver o seu talento em acção, quando alguém insuspeito cometia uma travessura e, como que vindo do nada, um pacote de leite o atingia e, naturalmente, explodia molhando toda a gente num raio de vários metros, factor que não tinha a mínima importância para o Figueiredo, danos colaterais, devia pensar para ele, o importante é cumprir a missão. Este talento era já tão famoso que os mais dados aos desportos radicais gozavam com ele de propósito para na fracção de segundo seguinte tentarem desviar-se do projéctil, que nunca passava a mais de um palmo, aniquilando por vezes inocentes incautos. Bem hajas Figueiredo, contigo não havia refeições monótonas!
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