– Temos que correr riscos, pá!
– Porquê? Não percebo porque é que havemos de correr riscos desnecessários. Eu prefiro estar confortável e seguro no meu canto.
– Não são desnecessários! Só dizes isso porque ainda não experimentaste o clímax do perigo. Porque nunca saíste da tua minúscula zona de conforto.
– Eu gosto da minha minúscula zona de conforto.
– Mas só saindo dela é que a consegues alargar. Algum desconforto é um preço mínimo para o que podes ganhar. Se não fizeres esse esforço a tua zona de conforto vai acabar por te estrangular e transformar-te num velho sozinho e amargo.
– Hum… Uma visão algo fatalista… E o que é que tu propões para evitar isso.
– Não tenho propriamente um plano, mas por acaso agora que estamos a falar disto, ando numa de experimentar asa delta.
– Endoideceste, não foi?
– Aquilo é seguro. Caem mais aviões que asas delta.
– E que tal escolheres uma coisa que não requira um curso?
– Não é preciso saberes nem fazeres nada. Vais tipo pendura com um profissional a conduzir aquilo. Estás a imaginar-te a voar? A sensação de liberdade? Deve ser diferente de tudo o que já experimentámos. Vá lá, diz que sim.
– Que sim
– A sério?
– Sim, vamos lá experimentar isso. Mas tens que prometer que depois não me chateias mais com este assunto.
– Está prometidíssimo! Deixa-me que te diga que foi infinitamente mais fácil do que eu poderia esperar.
– Se calhar não me conheces tão bem como pensas.
– Se calhar tens razão. Ou se calhar isso é sempre verdade, independentemente das pessoas.
– Se calhar…
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