Convidei-a distraidamente para um café. Ela, aparentemente desinteressada, acedeu. Depois de alguns minutos a debater a clima ameno que aquele dia nos apresentava, olhei bem dentro dos seus olhos. Não resisti e perguntei-lhe se já tinha percebido e foi visível o nervosismo que se apoderou dela. Desviou o olhar, o assunto e, com uma péssima desculpa, rapidamente me deixou sozinho na mesa.
Senti-me imbecil por não ter antecipado que ela seria menos experiente que eu. Provavelmente muito menos do que eu supus. Ainda algo insegura e exacerbadamente cuidadosa. Quem sou eu para contestar tal cuidado? É uma postura que eu devia ter sempre mantido e que já perdi, apenas por desleixe e excesso de confiança. Mas o que importa é que não a interpretei correctamente.
Provavelmente pela emoção, coisa ainda estranha para mim, de finalmente ter encontrado alguém com quem me consegui identificar, tornei-me vulnerável. Saí do caminho e dei o flanco. Foi obviamente uma má ideia, mas a verdade é que não consigo matar a réstia de esperança que reside em mim de que, antes de ser demasiado tarde, ela ainda vai perceber que pode confiar em mim. Que, apesar do risco, juntos podemos fazer muito, muito mais do que fazemos isoladamente.
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