Depois de ver aquele audaz mancebo que foi à televisão mostrar a sua habilidade a comer vidro, dei por mim a recordar, não sem alguma nostalgia, algumas das pessoas mais particulares, vulgo cromos, da zona onde cresci.
Saltou logo à mente o Vitinha, que também, no seu estado normal de consciência alterada, à minha frente deglutiu parte de um copo de imperial. Acho que estava chateado com qualquer coisa e, creio que sentiu necessidade de demonstrar quão desequilibrado realmente era. A verdade é que o Vitinha não era um profissional nesta arte, tinha sido uma ideia do momento e ainda guardo a imagem dele, a sangrar abundantemente das gengivas enquanto, com um ar alienado, mastigava o pedaço que faltava ao copo que tinha na mão.
Na sequência do Vitinha veio a recordação do Pedro Metálico. Grande maluco, o Pedro. Um dia projectou uma pedra da calçada através da montra do café, na vã tentativa de acertar no Morto. Só que o alvo estava na terceira mesa e só por sorte não partiu a cabeça à coitada da rapariga que estava na primeira. Tudo porque o Morto tinha manifestado a sua opinião sobre heavy metal. Ele nem era uma pessoa violenta, a culpa era das substâncias… E o Pedro metia tudo o que lhe aparecesse à frente.
A última vez que o vi, notoriamente sob o efeito de um qualquer estimulante, foi a correr de cabeça contra um contentor do lixo.
Deixo-lhes aqui a minha homenagem e o meu agradecimento por terem ajudado a tornar a minha adolescência tão mais interessante.
1 comentário:
:)Se calhar a pedra que ele atirou ao Morto foi uma pena não ter acertado:)
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