O ser humano tem realmente uma memória curta, é só mudarmos de perspectiva e temos logo a tendência de nos esquecermos de como víamos as coisas na perspectiva anterior.
Por exemplo, quando éramos crianças apanhávamos grandes secas dos nossos pais sobre coisas que nada nos diziam, coisas que tínhamos grande dificuldade em compreender, mas que, agora que crescemos fazem todo o sentido e vamos querer transmiti-las aos nossos filhos. Mas a maioria das pessoas tenta impingir estes valores sem utilizar a grande vantagem de, ao contrário dos petizes, já ter estado no lugar deles, não tirando partido da memória de quando lá estavam. O mesmo se passa no trabalho, vêem-se por aí muitos chefes que, pela forma como lidam com os subordinados, mostram que perderam a memória de quando eram eles os lixados .
O mais absurdo é que só temos a perder com isso. Lembrarmo-nos de como era dantes dá-nos uma muito maior competência para lidar com as situações tornando a comunicação infinitamente mais fácil.
Quem diz que não compreende a juventude certamente já se esqueceu de quando era jovem e é esta a causa do generation gap, a culpa não é dos jovens, mas sim dos adultos que deixaram morrer a sua juventude. Por isso, quando falarem com os vossos filhos ou subordinados, em vez de tentarem colocá-los na vossa perspectiva, usem a vantagem da experiência e coloquem-se vocês na deles.
Diz-se num filme (The Straight Story) que o pior de ser velho é lembrarmo-nos de quando éramos jovens. Discordo convictamente! Lembrarmo-nos de quando éramos jovens é o segredo para a eterna juventude, mas não basta lembrarmo-nos do passado, temos que manter a aptidão para recuarmos mentalmente no tempo e conseguir ver as questões com os olhos e a mentalidade que tínhamos antes.
Lembrem-se, se nós que já passámos por lá temos dificuldade em colocarmo-nos de novo nesse lugar, será impossível a quem nunca cá esteve colocar-se no nosso.
Usem a vantagem!
2 comentários:
Não é uma questão de memoria, os sonhos viran pesadelos e a certeza intolerância quando o teu coração so tem pressa, sabendo que o paraíso fica ja longe do teu trilho.
O trilho afasta-se sempre do paraíso, temos é que saber lidar com isso e usar a experiência construtivamente. Assim os sonhos podem continuar a ser sonhos e as certezas apenas se tornarão incertezas.
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