terça-feira, 15 de fevereiro de 2005

Asas de gaivota

O facto de poder olhar por cima do monitor e ver um verdejante campo de golfe, com um plácido e convidativo lago, onde gaivotas e garças desfrutam os pequenos prazeres da vida, prazeres que, na nossa luta contínua por ter mais coisas, temos tendência para esquecer; o prazer de estar deitado na relva com o confortável calor do sol, o prazer da pura disponibilidade… pois é, estava eu a dizer que o facto de ter esta vista tem efeitos contraditórios, se por um lado faz com que não me sinta enclausurado no meio do rebanho, por outro tem o efeito por vezes desanimador de me fazer divagar, como já estava a acontecer.
Quantas vezes encarnei naquela gaivota e morri de inveja ao sentir o vento da liberdade no bico? Quantas vezes tinha dado todas as minhas posses materiais para beber assim o céu? Quantas vezes dava a minha racionalidade para ser filho do mar e da brisa?
Trocava de bom grado o meu cérebro pensante e as minhas mãos de humano por um par de asas de gaivota, não sei é se alguma gaivota ia nessa…

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