segunda-feira, 1 de março de 2010

Historieta

21-03-2005

Já era quase noite e ainda não tinha conseguido escrever nada, a história até tinha fluido bem ao início, mas chegou a um impasse e encalhou. Nem tinha bem a certeza se gostava do que já tinha escrito, mas tinha saído naturalmente, e o que interessava não era ele gostar, mas sim o editor gostar, e agarrava-se sempre a este pensamento para conter o impulso de rasgar tudo; afinal, se assim não fosse nunca teria publicado nada, já que nada do que escreveu lhe agradou realmente quando releu tudo no fim, mas a verdade é que os seus livros vendiam e isto proporcionava-lhe uma vida confortável. Em todo o caso, sentia que esta história seria diferente, não conseguia perceber porquê mas, apesar de simples, sentia-a especial, com potencial. Além do mais, não era uma história qualquer, dizia-lhe algo mais que as outras visto o personagem principal ser também um escritor, não propriamente ele, mas naturalmente, e apesar de se esforçar para contrariar isso, havia muito dele no personagem. Tinha sempre uma grande dificuldade em dar nomes aos seus personagens, mas assim que começou a escrever a história, o nome Stark Lone surgiu-lhe na mente e, embora uma voz dentro de si dissesse que não era prestigiante para a sua língua materna usar um nome estrangeiro, agradou-lhe a sonoridade e ficou feliz por não ter que pensar mais nisso.
Não vale a pena insistir, pensou. Pousou a caneta, vestiu o casaco e saiu para jantar, pelo caminho pensou que a dificuldade com que se estava a deparar talvez se devesse à luta constante que travava contra o instinto de aproximar Lone de si próprio, talvez ajudasse se colocasse mais de si no seu personagem, mas rapidamente decidiu não o fazer, isso implicava abrir um pouco do livro fechado que era a sua vida e iria fazê-lo sentir-se tão vulnerável que só o próprio pensamento disso lhe provocou um arrepio. Não, Lone, além de ter a mesma profissão, não teria mais em comum com o escritor do que qualquer outra das personagens que nasceram na sua caneta. Dando esta questão como encerrada, deu por si já sentado no restaurante. Comeu, e foi já durante o cigarro que acompanhava o café que lhe surgiu uma ideia; Lone podia suspeitar de que só existia numa história. Melhor! Lone pode fazer a personagem da história que está a escrever aperceber-se de que existe apenas num livro e isso o levar a questionar se não será também ele apenas uma personagem numa história de ficção. Este pensamento fez o escritor estremecer. Não seria a vida dele também apenas um livro? E se este momento, este cigarro, este sentimento existirem apenas porque alguém os escreveu? Tanto quanto sabia, ele e Lone podiam afinal ser o mesmo. Com este fluxo de pensamentos, embora tivesse consciência de quão absurdo parecia, não conseguiu evitar a sensação de que mergulhava mais fundo na verdade do que alguma vez antes. Sentiu uma tontura e pediu um brandy; bebeu-o de um trago, acendeu mais um cigarro e saiu para a noite deixando uma nota na mesa.

Apesar de ter ajudado a recuperar as forças, aquele brandy não ajudou a reduzir a torrente de pensamentos que lhe rodopiava na mente, e embora argumentasse consigo próprio que nenhum deles fazia sentido, cada vez se sentia mais convencido que era apenas um elo na cadeia e não existia fora da sua realidade, da sua história. Questionou também se quem estava a escrever a sua história não seria também apenas uma personagem de uma história maior. Onde é que isto acaba? A palavra “acaba” ecoou no seu crânio. Todos os livros têm um fim. O que acontece quando o livro acabar? Se eu for apenas uma personagem de um livro que está a escrever um livro, será que se eu acabar o livro que estou a escrever, o livro em que existo acabará também? E o que acontece aos personagens quando um livro acaba? Não é que o escritor fosse um verdadeiro amante da vida, mas a ideia de deixar de existir provocou-lhe uma contida sensação de pânico. No entanto um pensamento acalmou-o automaticamente, se não acabasse o seu livro, certamente o seu autor também não acabaria o seu. É isso, disse para si próprio, basta não acabar o meu livro! Caminhou um pouco mais pelas ruas já quase desertas tentando digerir a situação, fez ainda mais algumas tentativas para se convencer que tudo não passava de um delírio seu, mas com muito pouco sucesso.

Decidiu então deixar a história de Stark Lone de parte, talvez a acabasse quando fosse mais velho. Com esta decisão conseguiu dormir um pesado sono sem sonhos. Ao contrário do que era habitual, o escritor acordou com uma óptima disposição, mas assim que abriu os olhos, sem qualquer controlo da sua parte, a história de Lone começou a desenrolar-se na sua mente. Enquanto no dia anterior não tinha conseguido escrever nada, no primeiro minuto desta manhã já sabia como a história continuava. Pensou que o melhor era mesmo escrever, senão esquecer-se-ia, e além do mais era só mais algum desenvolvimento, isso não o obrigava a acabar o livro. Preparou algo que se assemelhava com um pequeno-almoço e sentou-se a comer com uma mão e a escrever com a outra. Escreveu como nunca e já a tarde ia avançada quando o seu estômago se manifestou com um sonoro ronco. Só neste momento se apercebeu do que estava a fazer, era impossível saber ao certo, mas o livro já iria certamente a mais de meio. Praguejou e insultou-se pela sua estupidez, mas a história continuava na sua cabeça e tinha que fazer uma esforço para se impedir de a escrever. Atirou a caneta para longe e levantou-se abruptamente. Decidindo render-se aos protestos do estômago, saiu para comer e comprar cigarros. Depois de um farto lanche decidiu aproveitar a última luz do dia dando um longo passeio, tendo bastante sucesso na tentativa de afastar Lone da sua mente. Quando regressou ao seu apartamento era já bastante tarde, olhou para a secretária estremeceu ao ver a caneta novamente colocada em cima! Foi a mulher-a-dias, só pode, pensou e sentou-se em frente à televisão a comer a sanduíche que tinha trazido, acompanhada de uma cerveja. Terminada a refeição, deixou-se ficar no sofá a ver um documentário sobre moluscos até que se deixou dormir.

Estavam os primeiros raios de sol a entrar pela janela quando o escritor acordou de um sonho surreal, ainda meio a dormir sentou-se à secretária e começou inconscientemente a escrever até que o vício o obrigou a pegar num cigarro e foi aí que acordou realmente, sem qualquer noção do que tinha escrito tentou lembrar-se do sonho, tudo estava muito ténue na sua mente, mas lembrava-se que tinha sonhado com Lone, era exactamente como o imaginava, assim que visualizou Lone, a memória do sonho aclarou-se. Lembrava-se de ele lhe ter dito que era inútil resistir, o seu propósito seria cumprido independentemente da sua vontade e só tinha a ganhar se aceitasse o seu destino. Tinha a sensação de que a conversa tinha sido muito mais longa, mas não conseguia lembrar-se de mais nada. Reviu a sua situação num derradeiro esforço para a racionalizar. Que ideia mais estúpida, pensou, devo estar a ficar doido, os personagens não existem, não sentem, logo eu não posso ser um personagem. Por momentos ocorreu-lhe que devia procurar ajuda profissional, mas rapidamente pôs esta ideia de parte lembrando-se da sua nada simpática opinião sobre psicólogos e psiquiatras, e a verdade é que por muito que a sua razão lhe dissesse que estava a entrar num estado de demência, continuava convicto que estava mais são mentalmente do que alguma vez estivera. Os personagens não sentem! Disse alto, mas as suas palavras transbordavam insegurança. Apercebendo-se que estava a ficar bastante irritado com todos estes pensamentos respirou fundo, fez um esforço para limpar a mente e leu o que tinha escrito. Extraordinário! O escritor deparava-se com um sentimento completamente novo para ele. Estava realmente agradado com o que tinha escrito até então. Sentiu que, pela primeira vez, tinha conseguido criar algo bom. Era a primeira vez que estava plenamente satisfeito com o seu trabalho, e a sensação era fantástica! Ainda inebriado, releu tudo outra vez talvez para se certificar, talvez para acariciar o seu ego mais um pouco, mas a verdade é que continuou a achar que estava estranhamente perfeito, não havia nenhuma frase que achasse que deveria ser alterada, estava perfeito! A palavra persistiu na sua cabeça. Está a ficar perfeito, disse alto, deliciando-se em cada letra. Sentia que podia acabar o livro, lembrou-se das palavras de Lone, lembrou-se dos seus temores e, decidindo não se precipitar, saiu para clarear as ideias, afinal ainda não tinha comido nada.

Enquanto caminhava tentou organizar as ideias, e passado o orgulho inicial de estar perante uma verdadeira obra-prima, começou a desconfiar da situação. Porque é que normalmente considerava todas as suas obras mero lixo, tendo até uma certa tendência para desprezar os seus leitores, e com esta era diferente? Compreendia que seria possível escrever algo que não considerasse lixo, mas escrever algo que considerasse realmente bom era para ele um conceito estranho. Mais estranho era achar que seria uma obra-prima. Deduziu que teria que haver uma relação entre o livro e a sua nova perspectiva. Automaticamente o seu pensamento voltou à teoria, que futilmente se esforçava por considerar demente, de que era apenas um personagem. Isto explicava a qualidade deste seu trabalho, bastava o seu autor escrever que ele tinha escrito algo que lhe agradava para isso ser a realidade para si. Além do mais, este livro estava a ser criado de uma forma quase irreal, não tinha feito qualquer esforço para o escrever, tudo tinha saído naturalmente, demasiado naturalmente. Curiosamente, desta vez a ideia não lhe causou medo, sentiu até uma certa segurança pelo facto de estar ciente da sua condição. Se realmente apenas existia numa história, mais valia estar ao corrente disso! Assim conseguiu afastar os seus medos e pensou que afinal, acabar ou não o livro não seria uma decisão sua, aliás nada seria feito por decisão sua, a sua vontade estava sujeita à vontade do seu autor. Resignado com a sua situação sentiu até uma sensação de calma, não era responsável por si, não valia a pena gastar energia com decisões, a sua vida era regida por uma entidade superior e a ele bastava-lhe vivê-la, representar o papel que lhe tinha sido atribuído. Não questionou mais a sua sanidade mental nem a veracidade da sua situação e sentiu-se iluminado, sentiu que tinha descoberto muito mais do que todas as outras personagens com quem partilhava a sua história. Sentado no banco de um jardim, observou os outros com uma superioridade paternal, coitados, pensou, todos certos de que existem realmente…

Convicto de que não dependia de si, não se preocupou mais com o livro, não faria nenhum esforço para o acabar, nem para não o acabar, deixaria isso ao critério do seu autor e sentiu-se mais livre do que nunca. Caminhou mais um pouco sem destino, sem a certeza de onde se encontrava ao certo, até que viu um restaurante de aspecto pouco asseado que lhe confirmou que não fazia a mínima ideia de onde estava, mas a visão fez o seu estômago suplicar e acabou por entrar. Comeu demoradamente, durante a refeição nem se apercebeu que os seus pensamentos tinham vagueado bem longe do seu livro, pensou que se sentia muito mais à vontade naquela espelunca do que nos restaurantes caros que costumava frequentar, pensou na sua infância, questionou-se porque nunca tinha saído do país, pensou que já tinham passado meses desde a última vez de tinha lido um livro, pensou em mil outras coisas deixando a sua mente vaguear livremente. Depois de acabar o café e o cigarro, bebeu o resto de vinho no copo de um trago. Deixou uma boa gorjeta e apanhou um táxi para casa, apercebendo-se pelo preço, que estava muito mais longe do que alguma vez tivera deambulado nos seus habituais passeios pela cidade. Assim que entrou em casa descalçou os sapatos, pegou no primeiro livro da sua pilha “a ler” e leu durante horas, parando de vez em quando para saborear a paz interior que sentia.

Lone estava sentado numa mesa no canto do bar sujo e cheio de fumo e viram-se assim que o escritor entrou, Lone acenou e o escritor aproximou-se puxando uma cadeira. Se vieste dizer-me que não vale a pena resistir, estás a gastar o teu tempo, já passei essa fase. Disparou o escritor. Como deves calcular, eu sei que já passaste essa fase, e é exactamente por isso que aqui estou. Vim dizer-te que o autor está muito satisfeito contigo, considerou-te o melhor até agora. Respondeu calmamente Lone enquanto desviava os olhos do copo para fitar o escritor. Devo ficar radiante? Perguntou sarcasticamente o escritor, mas sem conseguir evitar de se sentir algo especial. Podes sentir o que quiseres, mas há mais, vais ter um privilégio único até agora, ele quer que o conheças.
- Ele quer que eu o conheça…
- Sim, serás o primeiro, e quem sabe, o último.
- Mas tu conhece-lo não é?
- Eu não sou como tu, eu sou apenas um instrumento, uma extensão dele. Este encontro serviu apenas para não seres apanhado de surpresa.
- E o que me vai acontecer depois?
- Vais ter que guardar as tuas questões para ele.
- Mas onde, e quando, e como?

Assim que a última palavra se dissipou, um raio de sol atingiu-lhe o rosto fazendo-o contrair-se num esgar. Tinha adormecido no sofá outra vez e o seu corpo ressentia-se de duas noites mal dormidas. Enquanto ganhava coragem para se levantar, reconstituiu várias vezes o diálogo com Lone com receio de se esquecer, como habitualmente acontecia com os seus sonhos e deu por si questionando-se como se podia preparar para tal encontro. Sem conseguir encontrar uma resposta, sentiu-se um fantoche, o que despoletou um sentimento latente de revolta. Estou a ficar doido, pensou enquanto o diálogo com Lone ressoava no fundo da sua mente, completamente doido! Estou a viver uma fantasia e estou a deixar-me ir. Não! Não vou deixar isto afectar-me, se é a loucura a chegar, pelo menos vai ter luta! Vou acabar o meu livro e pôr esta história imbecil para trás das costas! Nunca mais quero sequer pensar no nome Stark Lone. Foi aqui que reparou que já estava a gritar bastante alto. Sem pensar mais, sentou-se à secretária e escreveu, escreveu como nunca, sentia que era a caneta que comandava a sua mão e não o contrário. Perdeu a noção do tempo enquanto os dias passavam e as páginas se amontoavam.

A casa era imponente, um verdadeiro palácio! As portas enormes, as mais altas já vira, abriram-se como se não tivessem peso e quando entrou e pisou o chão de mármore sentiu que o seu próprio corpo ficava leve, tão leve que parecia flutuar. Deu por si numa monstruosa biblioteca sem saber se tinha aberto a porta ou passado através dela. Uma sala comprida até perder de vista, ao longo de cujas paredes, estantes até ao tecto armazenavam mais livros do que alguma vez tinha visto juntos, pareciam estar ali todos os livros do mundo. Ao fundo da sala vislumbrava uma luz ténue da qual se foi aproximando. Ao passar pelas estantes a sua mente enchia-se de tantas vozes que era impossível compreender qualquer uma delas, à medida que avançava, uma das vozes começou a destacar-se até que conseguiu perceber a palavra Bem-vindo. Levantou o olhar e lá estava Lone, trazia uma expressão de genuíno contentamento. É hoje o grande dia! Exclamou. Afinal pouca gente tem a oportunidade de conhecer o seu criador. Um gesto de Lone encaminhou-o através das portas duplas que davam acesso a uma sala que, embora o fizesse sentir-se minúsculo, proporcionava uma inundante paz de espírito. Senta-te e descontrai, sugeriu Lone, ao que o escritor correspondeu, sentando-se numa das convidativas poltronas. Enquanto se afundava, sentiu que o seu corpo se dissipava, sentiu-se etéreo. Fechando os olhos por um momento deu por si sentado perante uma paisagem verdejante. Era certamente o sítio mais belo que jamais vira e transbordava calma e plenitude. Ouvia o gorgolejar de um ribeiro ao longe, e ao voltar o olhar na direcção do som reparou que não estava sozinho. Era ele, o seu autor! Embora, ao contrário do que estava à espera, o seu autor se apresentasse como uma pessoa bastante vulgar, sentia nele uma familiaridade tal, que era como se estivesse a olhar para si próprio; como se nunca o tendo visto antes, o tivesse conhecido toda a vida.
- Estou muito orgulhoso de ti, superaste todas as minhas expectativas! Chegaste mais longe do que qualquer outro antes.
- Obrigado, acho eu, fico muito satisfeito, mas e agora?
- Agora já cumpriste o teu propósito, o livro acabou.
- Vou portanto morrer, deixar de existir.
- Pelo contrário, tornar-te-ás imortal! Deixarás de existir como te conheces, mas tornar-te-ás um conceito, viverás para sempre!
- É um conceito complicado, existir para sempre quando na realidade não se existe?
- E o que é a realidade? Não estás aqui a falar comigo? Não tens a consciência, as memórias, o passado que te dei? A realidade é relativa, tu existes na realidade que criei para ti, tão real como qualquer outra. Mas nem mesmo a realidade é imutável, e a tua está prestes a mudar.

Não sabia como as palavras do seu autor faziam sentido para si, mas a verdade é que parecia que estava a ouvir verdades absolutas, logicamente correctas. Sabia que não podia fugir ao seu destino, mas a verdade é que nem sequer lhe ocorreu querer fazê-lo, sentia-se finalmente realizado pela primeira vez na sua existência. Todas as questões e dúvidas que tinha anteriormente desvaneciam-se e a sensação de dever cumprido preencheu-o.
Estou pronto! Exclamou decididamente. O autor esticou a mão, o escritor esticou a sua. Passaram ainda vários dias até a mulher-a-dias encontrar o corpo sem vida do escritor jazendo sobre a sua obra-prima.

27 comentários:

Funny Analana disse...

Gostei bué, mesmo :)
Bem haja

Rodovalho Zargalheiro disse...

Bem haja você :)

Isa disse...

Tu estás vivo, RZ? Ó Analana, ele está vivo?
Bolas, que por momentos pensei que tinhas ido conhecer o autor, sr. escritor.
Este texto devia se analisado por partes, de tão fanástico que está e de tantas perspectivas que tem.



Quando venderes isto a hollywood não te esqueças de nós pá...

Nawita disse...

Embora ache que o escritor do Meu livro deixe muito a desejar, ele acaba sempre por se redimir fazendo com que o meu caminho se cruze com o de personagens muito interessantes.
Texto formidável :)

Fico feliz por ver que os documentários de moluscos continuam a adormecer milhares de pessoas por esse mundo fora!

Por favor responde para não ficar preocupada.

E se te encontras bem de saude explica-me porque é que não puseste o lixo lá fora?

Rodovalho Zargalheiro disse...

Obrigado, Isa, e calma, isto ainda não é a minha obra-prima, espero... (estava mais a pensar Manoel de Oliveira, para não ter que ser uma curta metragem)

Rodovalho Zargalheiro disse...

Ó Nawita, eu acho que não te podes queixar muito, o teu Autor até parece ser bastante imaginativo :)

E quero referir que consigo passar horas intermináveis a aprender coisas interessantíssimas sobre moluscos. Sabias, por exemplo, que 80% das espécies conhecidas de moluscos são gastrópodes? Fascinante, não é? E os cefalópodes? Ah, os cefalópodes... Podia falar eternidades sobre eles...

Lixo? Hã? Fora, quê?

Nawita disse...

RZ,

Espera até te contar a ultima, vais rebolar a rir!

Epá, eu aprendo melhor no terreno, por exemplo na Casa Velha, na Marisqueira Rui.
Mas se conheceres outros locais onde se podem fazer estudos científicos, conta comigo!
eu não vejo documentários desses porque depois fico com medo qe me venham morder os dedos dos pés e comer os olhos à noite.

os moluscos.

Sim, o lixo, era a tua vez, não te lembras?

Rodovalho Zargalheiro disse...

Conta! (acho que vamos passar o próximo fim-de-semana aos teus lados :)

O moluscos são mesmo um filo fenomenal. De facto, são tão interessantes como apetitosos :) Eu, por acaso, também não consigo evitar o temor de que me saia um tentáculo do ralo da banheira e se me prespegue ao escroto, mas a verdade é que os coitados dos moluscos são, maioritariamente, inofensivos.

Era a minha vez? Não estava ciente...

Nawita disse...

ah ah ah ah ah ah

tentáculo, rabo, escroto, ah ah ah ah ah ah

percebi tudo mal, mas o que me ri!!

venham, venham!

inofensivos? com aquele ar de sonsos? são os piores!

Rodovalho Zargalheiro disse...

:p

Bom, muito cuidadinho com o polvo e com o pepino do mar, diga-se, mas os restantes até são simpáticos. Olha o choco e a lesma, por exemplo, são tão sociáveis e inteligentes que dão para animais de estimação!

A disse...

espectacular!! tive a guardar-me para ler isto, porque textos grandes assustam-me, tal como as contas com muitos números. mas valeu a pena! :D fabuloso efeito droste!

Rodovalho Zargalheiro disse...

Thanks! :)

grassa disse...

Pá, ya, é desta que fodo a Amazónia em impressão em papel.

Amanhã falamos, se ainda tivermos oxigénio suficiente no planeta...

Rodovalho Zargalheiro disse...

Porra, Grassa... Só agora?? Sabes o que é que isto me faz???

grassa disse...

Pá, peço desculpa, mas tenho andado com pouco tempo para estas cenas dos blogs and stuff.

O trabalho chamou por mim.
E eu ainda consegui fingir que não o estava a ouvir durante uns dois ou três dias, mas ele depois veio tocar-me no ombro por trás e eu "Entããão?! Tu por aqui?", e já não consegui fingir mais e tive mesmo de o aturar.

Rodovalho Zargalheiro disse...

Na boa, meu, sei muito bem como é. O filho da puta anda desde ontem a dizer-me "Por acaso já te mentalizaste que não vais ter lazer neste fim-de-semana? Nem vais poder dormir até horas obscenas?", e eu a fazer-me despercebido...

grassa disse...

O teu trabalho parece o meu pai.

grassa disse...

Na parte do filho da puta, pelo menos.

Rodovalho Zargalheiro disse...

E também me fode bastante...

grassa disse...

Mas o teu trabalho paga-te no fim, pelo menos.

Rodovalho Zargalheiro disse...

Pois, aí tenho que dar o braço a torcer... Isso obriga-me, no entanto, a reconhecer que, no fundo, sou uma puta.

grassa disse...

A única cena em que te ganho é no tempo: o meu pai fodia-me em regime de part-time.

Acho que o meu cu não aguentava 8 horas seguidas daquilo.
Nem mesmo com hora de pausa para almoço.

Rodovalho Zargalheiro disse...

Será uma questão de hábito, suponho. Claro que a motivação também é importante.

grassa disse...

E os colegas de sala, também.

Rodovalho Zargalheiro disse...

Suponho que sim... A não ser que isso seja uma metáfora :)

anatcat disse...

Essa mulher-a-dias é uma folgada.

Ele é canetas fora do lugar, ele é passarem vários dias sem dar por corpos jazendo.

Para além de não saber cozinhar, o pobre homem tem que passar a vida a comer fora.

Eu falo por mim, mas já estava na altura da despedir, ou pelo menos de lhe chamar a atenção.

:D

(também vou imprimir para reler)

grassa disse...

Grande texto, meu.

Digo eu e este meu timing de lesma.