sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

REM

Estou no corredor de um edifício familiar, a fumar um cigarro junto de um cinzeiro de chão. Noto que as pessoas que passam olham muito para mim, mas não ligo e continuo a fumar tranquilamente. Quando vou para apagar o cigarro, olho para baixo e reparo que estou nu da cintura parar baixo. Aí começa a ansiedade. Embora quem passa não pareça incomodar-se muito com a minha falta de preparos, começo a ficar extremamente desconfortável e envergonhado. Começo a vaguear pelos corredores à procura, sem sucesso e com o stress a aumentar cada vez mais, de um sítio para me esconder. Nisto, vejo-me ao longe. É uma cópia minha, mas ao contrário de mim, está nu da cintura para cima. Não estranho e instantaneamente penso que se me fundir com ele fico totalmente vestido. Corro direito ao meu clone que, assim que se apercebe de mim, como se soubesse em que é que eu estava a pensar, começa também a correr para mim. No momento do impacto fundimo-nos, mas a coisa não corre como eu esperava e, em vez de ficar todo vestido, fico é completamente nu. O stress transforma-se em pânico quando vejo um grupo de pessoas a aproximar-se. Corro para o outro lado e de repente estou num grande salão e gente aproxima-se de todos os lados. Sem rota de fuga, tenho que limitar-me a assistir, impotente, enquanto as pessoas se aproximam e formam uma roda à minha volta. Assim que a roda se fecha, as pessoas param e ficam ali a olhar para mim, rosto rígido, mas com um brilho no olhos divertido e maquiavélico. Sem saber o que fazer, grito a plenos pulmões para que me deixem passar. Pergunto o que querem de mim, mas ninguém responde. Neste momento olho para cima e apercebo-me que o tecto desapareceu. Consigo ver o céu de dentro do edifício e está a relampejar violentamente. Instantes depois, um olho titânico, com gigantescas pestanas aparece onde antes estava o tecto. Quando enormes lágrimas corrosivas começam a jorrar do olho gigante, abrindo buracos no chão, perigosamente perto de mim, já não estou muito preocupado por estar nu, quero é sair dali. A necessidade de fuga torna-se premente. Reúno todas as minhas forças e, correndo tão depressa quanto consigo, vou direito à roda de pessoas que me cerca. Quando estou prestes a abalroar quem está entre mim e a liberdade, ainda tenho um segundo de satisfação achando que vou conseguir e depois acordo, suado e com o coração aos pulos.

Tem sido assim todas as noites há já quase uma semana. O que é que acha que significa, doutor? Doutor?...

5 comentários:

Nawita disse...

Pelo menos estavas calçado? Detesto andar por escombros quando estou descalça.

Se desse de caras com o meu clone, jamais tentaria fundir-me com ele.

Acho que o teu sonho revela que andas à procura da perfeição e que essa perfeição reside em ti.

Pois... olha no que dá quando os homens se julgam superiores, deus castiga e atira cenas às nossas cabeças.

Vou beber um café, já volto com mais sabedoria.

Rodovalho Zargalheiro disse...

Parecem-me interpretações bastante credíveis, Nawita.

Fico curioso por saber a tua leitura do meu outro sonho recorrente em que estou a comer a Juliette Binoche por detrás...

Nawita disse...

Gostas de brioches recheados.

Isa disse...

Por detrás ... das cortinas? tão, isso és só que tu que continuas traumatizado com aquela viagem que fizeste ao Meco ...

Quanto ao texto, depreendo que sofres do síndrome "estou-farto-do-meu-guarda-roupa".

Rodovalho Zargalheiro disse...

Provavelmente estão ambas certas ;)