sexta-feira, 31 de março de 2006

O Gato






Acho que o Gato já merece uma homenagem e decidi fazê-la sob a forma de post.
Não se sabe ao certo, mas estima-se que tenha cerca de 16 anos e 6,5 Kg. Sim, é bastante gato, mas com uma agilidade jovial.
De facto, mesmo com os seus 16 anos continua a não conseguir resistir a um cordelinho a mexer ou algo parecido e brinca como se ainda tivesse 2 ou 3 anos. Tem até um fascínio quase doentio por caixas de cartão, que independentemente do tamanho têm que o conseguir comportar, implicando naturalmente, a destruição total da caixa na maioria dos casos. É também capaz de serpentear a sua enorme barriga por entre o que quer que esteja em cima da mesa sem destruir nada. (O mesmo já não se pode dizer da sua amiga Mia, que tem um terço do tamanho, menos de um quinto da idade e é um verdadeiro trambolho!)
Tivemos até, há bem pouco tempo, uma demonstração que, apesar da envergadura e da idade, aquilo está tudo em forma. Há outro gato, bastante sociável, lá perto. Estava o Gato a comer umas ervas (parece viciado naquilo, é um gato ruminante), quando aparece o outro. O Gato, inteligente, joga pelo seguro e vai para casa observar da porta enquanto a Mia foi logo ver o que se passava. Já estávamos nós a chamá-lo cobardolas enquanto a Carla fazia festas ao outro gato que se regalava e rebolava, quando, qual tiro, o Gato sai disparado direito ao outro, que apanhou de certeza o cagaço da vida dele! Deram três voltas ao quintal até o outro se ter enfiado pela janela da casa dele. De referir que o outro não deve ter dois anos, e foi inacreditável ver a velocidade que seis quilos e meio de gato com dezasseis anos conseguem atingir.
No entanto, na minha opinião, a característica que torna o Gato tão peculiar é a sua tendência para vocalizar. Nunca conheci outro gato – e conheci bastantes – que usufruísse tanto das suas capacidades vocais para se exprimir. Até o próprio bufar, que normalmente os gatos só usam quando estão mesmo chateados, como um método de intimidação; para o Gato é um instrumento de expressão. Sim, quer dizer que não está satisfeito, mas não está fora de si, não quer assustar ninguém, quer apenas manifestar o seu desagrado.
Entre miados avisadores, autoritários, suplicantes, críticos, satisfeitos e aquele gutural que já sabemos significar “Bola de pelo em processo de expulsão!!!” Estimo uma média bem acima dos 100 miados diários. Principalmente agora que se habituou a ir comer ervas à rua e se põe em frente à porta a miar incessantemente (eu acho que ele até já sabe quais são os dias da recolha do lixo, em que a saída é certa).
O Gato é um espectáculo! Temos um entendimento que transcende espécies. Aliás, não sei se ele pensa que é humano ou se pensa que somos todos gatos, mas a verdade é que (excepto talvez com a Carla, que trata com alguma superioridade) trata toda a gente de igual para igual. E para mim é igual, ser gato ou humano não faz diferença nenhuma. O Gato é meu irmão!

quinta-feira, 30 de março de 2006

Porquê?

Porque é que o ser humano tem que ser tão complicado? Porque é que não conseguimos incutir algum racionalismo nos nossos sentimentos?
Porque é que, tendo perfeita consciência que existem incompatibilidades gritantes, que existem diferenças óbvias na forma de viver, de ver a vida, não conseguimos que isso altere os nossos sentimentos por alguém? Porque é que, mesmo sabendo é o melhor a fazer, não temos o poder de eliminar uma pessoa da nossa mente? Porque é que abrimos mão de pessoas que têm tudo para ser perfeitas para nós, que sabíamos haver entendimento e identificação, apenas porque não há o click? Porquê? Porquê?

quarta-feira, 22 de março de 2006

Amizades

Diria que as amizades são como os isqueiros. Há as amizades zippo (passe a publicidade), que duram a vida toda. Há amizades da loja dos chineses (passe a publicidade), que apesar de serem recarregáveis sabemos que não podemos contar muito com elas. E as amizades bic (passe a publicidade), que apesar de serem de qualidade, se deitam fora quando estão vazias.

sexta-feira, 10 de março de 2006

O Sr. Fernando

O Sr. Fernando é único, por muito que eu tentasse descrever nunca conseguiria transmitir a experiência que é vê-lo no Maxime. Muita gente provavelmente achará um espectáculo decadente e não compreenderia porque é que eu gostava de ser assim quando chegasse à idade dele, que deve andar entre os 50 e os 60. Maxime, noite de concerto de Enapá, ainda antes do concerto ter começado já estava o Sr. Fernando a mostrar a toda aquela juventude o que é que é curtir. Assim que o DJ pôs qualquer coisita mais dançável, como que movido por um impulso incontrolável, o Sr. Fernando lançou-lhe um olhar cúmplice, saltou da cadeira e foi dançar, no seu estilo próprio que, esse sim, é completamente impossível de descrever. Baixote, franzino, com a sua bela fatiota e o cabelo milimétricamente penteado, automaticamente o centro das atenções! De tal forma que é por diversas vezes chamado ao palco para dar um arzinho da sua graça, que cumpre com satisfação. Sempre com uma pose profissional, perder a compostura é que não!
Há basicamente duas razões que me fazem querer ser assim na idade dele. Uma é o facto dele ter uma das qualidades que mais admiro numa pessoa: conseguir estar-se borrifando para o que os outros pensam dele, consegue ser ele próprio, fazer o que bem lhe apetece sem se condicionar pelo que os outros possam pensar. A outra é estar a divertir-se no Maxime no meio de pessoas bastante mais novas que ele, quando os da idade dele já viram a novela e já estão a dormir há várias horas. Digam o que disserem, o Sr. Fernando é que sabe viver!

quinta-feira, 9 de março de 2006

Dia do coitadinho

Que se discrimine as pessoas portadoras de deficiência criado um dia para eles, reforçando a ideia de que são uma minoria frágil, ainda aceito pelo facto de servir para lembrar ao mundo que existem pessoas com necessidades especiais, coisa que muita gente deve esquecer com facilidade. Agora fazê-lo para as mulheres parece-me extremamente machista. Para começar não creio que seja preciso haver um dia da mulher para que nos lembremos que elas existem, elas fazem questão de nos lembrar constantemente que andam aí. E ainda impõe a ideia de que são diferentes dos homens, mais fraquinhas (coitadas), que como não conseguem ter os mesmos direitos dá-se-lhes um diazito para ver se ficam mais satisfeitas. Só prova que isso da igualdade – o que quer que isso seja – que tantas mulheres preconizam, embora a maioria delas só queira as vantagens, ainda é uma miragem. Não serão certamente iniciativas que, por princípio, as segregam da sociedade que vão mudar isso.
Revoltem-se mulheres!

Nota: Claro que sempre que tentei expor o meu ponto de vista sobre este assunto a mulheres fui logo rotulado de gajo ressabiado. "Isso é só porque nós temos um dia e vocês não, e tal...". Pensem lá o que quiserem.

quarta-feira, 8 de março de 2006

Desejo

- Boa tarde, o que é que deseja?
- O que desejo? Deixe lá ver... Olhe, desejo ser criança outra vez, "voltar a ter segredos", como dizia aquele senhor espaçoso, desejo que a vida volte a ser simples. Não, não, o que eu desejo é que a fórmula da felicidade seja uma coisa imutável, que não se metamorfoseie quando estamos próximos de a alcançar. Também desejo ter tempo para tudo, para conhecer tudo. Desejo não ter a necessidade de possuir coisas materiais, não ter nada e achar que tenho tudo o que preciso. Desejo enfrentar os meus medos. Desejo paz, amor, bom senso, harmonia. Desejo voar. Desejo... bom, esqueça lá isto tudo e traga-me só uma imperial, se faz favor.
- Com certeza, deseja tremoços?

quinta-feira, 2 de março de 2006

CALMA. A pressa é inimiga da perfeição.

Não detestam quando vão a algum lado e tocam á campainha, e chega alguém e toca também para outro andar, sem esperar se quer que nos respondam? Depois quando respondem como sabemos que é para nós e náo para a outra pessoa?
Imaginando que nenhum dos dois ali esteve antes, como sabem que quem responde é a pessoa que nos interessa? Por que é que as pessoas mão conseguem seguir a ordem das coisas, se é que tal existe? Por que não esperar que atendam a primeira pessoa, e então, se nada acontecer, solicitar educadamente, a intervenção? Será que se não se esperar a porta só se abre para uma pessoa? Ou será que se formos muitos a tocar á campainha nos respondem mais rápido? E se for o caso de não estar ninguém? Quem nos abre a porta? Nesse caso já não fáz sentido que nos abram a porta. logo não nos interessa subir, e ai poupáva-mos tempo em subir para um andar onde ninguem nos vai atender. Mas não as pessoas preferem atropelarem-se umas ás outras, á pressa, e perder tempo desnecessário em vês de pouparem alguns minutos, por poucos que sejam, com alguma boa educação. As pessoas estão cada vêz mais impacientes, e cada vêz mais se regem por aquilo a que chamo, a "teoria da publicidade". Ou seja, "quantas mais campainhas tocares maior a probabilidade de te abrirem a porta". Isto é em tudo igual á "lei da probabilidade", mas com um nome mais adequado ao tempo em que vivemos.
E isto aplica-se a tudo. Já as crianças, aplicam-na sabiamente para obterem o que querem. Quanto mais insistires maior a probabilidade de o conseguir, isto fáz lembrar o Bart Simpson. Vão lá por insistência e não por persistência como muitos confundem.

CALMA. A pressa é inimiga da perfeição.